ptLlibre de registre: Agenda15 Março 2025

Explorações Coletivas: Identidade, Cuidado e Corpo no Espaço Urbano

Um dos principais resultados do processo do Laboratórios Locais do Porto tem sido a exploração de como os corpos se deslocam e habitam o espaço público, tanto de forma individual como coletiva. As/os participantes refletiram sobre as suas experiências de caminhar e de parar, examinando o significado do movimento e da imobilidade na construção da sua relação com a cidade. Exercícios e discussões em torno do movimento individual versus coletivo permitiram-nos explorar como os espaços públicos são experienciados de forma diferente consoante a posição e identidade de cada pessoa. A ideia de “caminhar” expandiu-se como metáfora para a navegação do espaço público, enquanto “descansar” tornou-se um ponto essencial de reflexão — sobre como e onde encontramos momentos de pausa e como esses momentos são frequentemente atravessados por questões de género ou expectativas sociais.

Outro eixo importante tem sido a reflexão em torno das práticas de cuidado — tanto cuidado de si como cuidado coletivo. Pensámos sobre como o espaço público pode ser um lugar de cuidado, considerando que a fragilidade e a vulnerabilidade não são sinais de fraqueza, mas sim potências. Estas reflexões abriram caminho a discussões mais amplas sobre como práticas de cuidado coletivo podem transformar o espaço público num ambiente mais inclusivo e empático para todas as pessoas.

Explorámos ainda questões de identidade, representação e espaço público através de exercícios com máscaras e criaturas. Estes exercícios convidaram as/os participantes a explorar objetos pessoais, ligações ancestrais e a possível criação de novos arquétipos femininos. Estas explorações deram origem a ideias sobre a criação de estátuas ou instalações públicas que representem essas novas identidades, desafiando as representações convencionais das mulheres no espaço público. As/os participantes foram convidadas/os a refletir: “Quem sou eu?”, “O que representam estas identidades?” e “Como podemos visualizar as nossas histórias coletivas nos espaços urbanos?”

Ao longo das várias sessões e exercícios, envolvemo-nos profundamente com um conjunto diverso de necessidades, inquietações e vivências coletivas. Estes encontros tornaram-se espaços de reflexão e ação, centrando-se em temas como a cartografia coletiva, o papel dos corpos (individuais e coletivos) no espaço público e as práticas de cuidado. As sessões tornaram-se momentos de reinvenção do espaço público — não apenas como lugar de passagem, mas como território de encontro, cuidado e ação coletiva.