ptAgenda: 19 e 20 Março 2025

Como construir cidades mais feministas?

Nos dias 19 e 20 de março de 2025, o projeto TransFemina organizou o seu 2.º Encontro Transnacional no Porto, com conversas, instalações, oficinas e percursos exploratórios pela cidade. Com um programa construído maioritariamente a partir das 121 propostas recebidas na Open Call “How to Feminize your City?”, o encontro foi um espaço de partilha, reflexão e discussão de experiências e ideias inspiradoras.

O consórcio do projeto — PELE (Porto), Collettivo Amigdala (Módena) e Col·lectiu Punt 6 (Barcelona) — reuniu diferentes perspetivas e experiências sobre como promover espaços urbanos e comunidades mais feministas. Os vários projetos apresentados no Encontro sublinharam a importância de esforços e ações coletivas para enfrentar questões sociais urgentes, desde a desigualdade de género aos impactos da transformação urbana nas comunidades marginalizadas. Este espírito colaborativo evidenciou como as comunidades podem unir-se para reivindicar o espaço público e criar ambientes onde todas as pessoas, independentemente do género ou origem, possam prosperar.

O Encontro público contou com instalações e uma performance que incentivaram os participantes a refletir sobre o papel e a presença das mulheres nos espaços públicos. From where a name becomes memory, de Paola Espinoza — uma instalação em vídeo que reflete sobre a violência de género em Cuenca, no Equador — e Si las paredes hablasen [Se as Paredes Falassem], de Paula Sitka — uma exploração fotográfica de salões de cabeleireiro afro em Madrid como espaços de resistência e comunidade — envolveram o público em temas como a memória, a identidade e as narrativas invisibilizadas que moldam a nossa perceção dos espaços urbanos. O documentário Vozes Silenciadas: Ser Mulher e Envelhecer no Centro Turístico de Lisboa, de Sara Larrabure, Ana Estevens, Fabiana Pavel e Adélia Veronica Silva, abordou os desafios relacionados com os laços comunitários, as restrições de mobilidade e o acesso limitado aos espaços públicos e aos serviços essenciais enfrentados por mulheres idosas numa cidade em rápida gentrificação como Lisboa.

A oficina Mijavelhas às Fontainhas: Trabalho Reprodutivo e Território Comum, de Clara Sefair, propôs um trabalho exploratório na cidade que despertou reflexão e debate em torno das insurgências, resistências e histórias das mulheres, tendo a água como elemento comum. Oficinas como FEMonumental Transformance, de Conni Holzer, e Quebrando as Barreiras com Parkour, de Sara Serôdio, permitiram às/os participantes envolverem-se em práticas físicas e criativas que desafiam estruturas patriarcais e promovem o empoderamento através do movimento e da expressão artística, incentivando uma participação ativa na reinvenção do espaço público.

Com o apoio do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto e da Junta de Freguesia do Bonfim, o Encontro TransFemina centrou-se na criação de um diálogo em torno dos desafios interseccionais no espaço público.