Cartografar a Cidade: Um Convite à Participação e à Reflexão

A PELE mobilizou os seus grupos e redes e lançou uma convocatória aberta para participantes nos Laboratórios Locais no Porto. Tendo como ponto de partida e convite à ação a pergunta “Quanto espaço, físico e simbólico, ocupam as mulheres nas cidades?”, a chamada foi dirigida a todas as pessoas oriundas do Porto ou a viver na cidade, com interesse em participar num espaço de reflexão, discussão e ação sobre a invisibilidade das narrativas femininas e feministas no espaço público, numa perspetiva individual e coletiva.

A primeira sessão teve lugar a 19 de setembro, com a apresentação do projeto e uma primeira abordagem à questão lançada na convocatória. A partir daí, as sessões passaram a realizar-se quinzenalmente, às quintas-feiras à noite, com sessões pontuais mais longas aos sábados à tarde.

Após algumas sessões de apresentação e conexão entre o grupo — primeiras aproximações a questionamentos, observações e inquietações — apresentámos um mapa dobrável intitulado Cartografia dos Caminhos Diários. A proposta era que cada participante registasse os seus percursos diários a partir de três perspetivas: real, emocional e imaginária. O objetivo era anotar não só o que observam, ouvem e sentem, mas também o que não observam, não ouvem e não sentem. O mapa incluía perguntas disparadoras e informações orientadoras, tais como:

• Faz o(s) teu(s) percurso(s) noutro ritmo.
• Se costumas fazê-lo de dia, experimenta fazê-lo à noite — e vice-versa. O que muda?
• Caminha acompanhada/o. Caminha sozinha/o.
• Cria uma banda sonora para o(s) teu(s) caminho(s).
• Caminha carregada/o ou leve. Onde levas a tua carga? Nas mãos, nos ombros ou nas costas, no coração, nos pensamentos?
• Cria narrativas para as pessoas à tua volta. Imagina o que e como veem e sentem o espaço que as rodeia.
• Repara em quem sorris ou a quem franzes o sobrolho, com quem trocas olhares. De quem te afastas e com quem te cruzas.
• Como te sentes quando paras, quando te moves? O que te chama a atenção? O que te escapa?